segunda-feira, 8 de junho de 2009

MEDO DE ERRAR MÁGICA

Ter medo é confirmação da nossa condição humana.

Ter medo é normal. Mas que ele seja usado apenas para nos proteger de males que coloquem nossa vida em risco.


Mágica, não preciso dizer, não coloca (ou não devia colocar) nossa vida em perigo. Portanto, porque não quebrarmos esse tabu e enfrentarmos esse medo de apresentar mágica? Medo que nos faz tremer ou até desistir de deixar uma pessoa mais feliz, surpreendida, em choque emocional?


Desafio feito, o corpo esfria e uma pergunta indiscreta toma nossa mente: "--- Tá bom. Mas e se eu errar?!".

Ora, vamos então entender donde vem esse medo?




Primeira hipótese:

Você está passando um falsa idéia para a plateia de que tens poderes sobrenaturais? Se "sim", então, seu medo justifica-se pelo fato de temer ser desmascarado em público. Solução: tente fazer a platéia acreditar que suas mágicas são resultado de habilidades ímpares que você adquiriu com tempo e treino; sejam elas de linguagem corporal, psicológicas, sensitivas etc. Pode até arriscar algo além, como hipnose, telepatia, telecinese... mas deixe claro que você está fazendo uma experiência e que não tem idéia se dará realmente certo - ademais, neste intuito, peça a ajuda do espectador, deixe-o ser seu assistente. E se errar, lembre-se: era só uma experiência que não deu certo para você e para o espectador-ajudante.

Segunda hipótese:
Você quer corresponder às expectativas de quem o assiste. Pergunto: quem criou neles tal expectativa? Na maioria das vezes a resposta é muito simples: você! Como? Ao colocar-se numa posição superior com relação ao espectador, do tipo: "sei algo muito interessante que você, espectador, não tem nem idéia... e mais: vou te enganar agora com isso! hahahaha" - por favor, não faça isso. Não deixe que essa mensagem seja passada, mesmo que indiretamente, ao espectador. Vá na humildade, seja natural... afinal, você está dedicando uma experiência extraordinária à pessoa que assiste, de forma, no mais das vezes, gratuita e de coração aberto; não há o que temer.


Terceira hipótese:

Auto-cobrança do tipo: "Eu tenho que acertar todas as mágicas...". Tem mesmo? Por que? Por que só você não pode errar? Se até os famosos mágicos - como David Blaine (veja o vídeo abaixo) - erram, por que você não pode também? Permita-se.




Ou, se a coisa ficar muito feia, faça como o mágico do vídeo abaixo (hehehe):





Enfim, quanto mais se treina, menos se erra. Todavia, o erro sempre vai te acompanhar. Mesmo assim, não o tema; faça dele uma oportunidade para aprender, para fazer melhor.



Pra fechar, cito agora uma parte do livro "Introdução ao Ilusionismo" onde proponho soluções práticas que podem te ajudar na exata hora em que o erro ocorrer: Falando nisso, outra consideração que não deve ser olvidada é quanto ao erro durante a apresentação de um número. Como se comportar? Errei, e agora? Se isso acontecer, você deve tirar proveito da situação. Controle-se, ‘segure’ a tremedeira e a sudorese. Olhe para os olhos de cada espectador em silêncio e veja se alguém percebeu o erro. Se ninguém notou, continue, se possível, a mesma mágica ou passe naturalmente para outra. E se alguém notou o erro, tente contorná-lo com outra mágica ou, em última hipótese, diga “---Ops! Estou fazendo a mágica de maneira errada. Deixe-me mostrar uma melhor ainda!”. O importante é que o show não pode parar!

Sobre o autor: Mágico Leo é estudante da Arte Mágica e de PUA, apaixonado em filmagem, filosofia e internet. Twitter

Um comentário:

  1. O mais legal é tentar tirar partido do inesperado, e se não der pra fazer isso diga algo do tipo: essa mágica é tão boa que eu vou deixar para o final.

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